
Responsável por promover o maior espetáculo teatral a céu aberto da cidade do Rio de Janeiro, a Cia de Teatro Roça CaçaCultura realizou na noite desta Sexta-Feira Santa, pela 26ª vez, a Via Sacra da Rocinha, acontece tradicionalmente no Largo do Boiadeiro, localizado na parte mais baixa da comunidade.
Encenada e organizada por moradores, a Via Sacra é um dos acontecimentos mais importantes dentro do calendário anual de eventos da Rocinha, mas que tinha de ganhar maior visibilidade, apontou Augusto, de 50 anos, ex-morador da comunidade, que colabora há 25 anos com o evento. ‘’A Via Sacra da Rocinha merece um espaço maior no calendário municipal do Rio, assim como o Carnaval e outros eventos que acontecem na cidade. É importante porque traz reflexões não só das favelas, mas da cidade em geral’’, disse Augusto.

Para Robson Melo, diretor artístico da peça, a temática abordada neste ano, a violência, serve como um aprofundamento para discussões daquilo que seriam os reais problemas vivenciados na Rocinha. ‘’Sofremos com a violência há décadas, e essa que estamos vivendo agora é consequência de todas as outras, como a falta de saneamento, investimentos na saúde, descaso em políticas públicas, miséria. Isso uma hora ou outra eclode nessa violência mais explicita, e todos se assustam’’, comenta Robson, que complementa – ‘’Esse ano, fazer a Via Sacra é soltar um grito que está sufocado há tempos’’.
A Via Sacra da Rocinha tem como base o livro “O homem de Nazaré – a Via Sacra de hoje”, de José Maria Rodrigues, e foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da cidade do Rio de Janeiro no ano de 2015.