Sem patrocínio do governo ou de empresas, o evento contou com apoio dos moradores
Reconhecida como patrimônio cultural imaterial da cidade, a Via Sacra da Rocinha fez sua 27ª apresentação na noite de sexta-feira, no Largo do Boiadeiro. Neste ano, com o tema “a força do povo”, o espetáculo, que é produzido pela Companhia de Teatro Roça Caça Cultura, sempre aborda temas atuais, levando reflexões ao público.

Protagonizada pelos próprios moradores, que se dividem nas funções de produção, elenco e direção, a Via Sacra tem como forte característica a ocupação das ruas da favela, que servem de cenário para contextualizar a vida, a paixão e a morte de Jesus Cristo.
Para Robson Melo, 35, diretor-geral e artístico, que integra a equipe há mais de uma década, a falta de apoio para que o evento aconteça demonstra indiferença do poder público.
— Embora a Via Sacra seja patrimônio cultural e imaterial do Rio, e integre o calendário oficial de cultura da cidade, o descaso é imenso. Levamos milhares de pessoas às ruas em cada edição, e mesmo assim, passamos invisíveis aos olhos de nossos governantes. Nesses 27 anos de história, o espetáculo teve apoio financeiro duas vezes. Este ano chegamos ao ponto de não ter nenhuma ajuda. — criticou Robson.
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Apesar da escassez de recursos, Robson ressalta que não faltou sentimento para atingir um único objetivo: emocionar os moradores.
De acordo com a organização, os próprios moradores se uniram para ajudar o evento. Minutos antes de começar, a peça recebeu um palco de madeira e outras doações de moradores.
No espetáculo, os atores fizeram uma relação entre a morte de Jesus e as mortes de inocentes em favelas, além de reproduzir áudios narrando casos de feminicídio e representações dos poderes que atuam nas comunidades.
Stella de Paula, de 27 anos, participa da Via Sacra há 13 anos e nesta edição interpretou Caifás. Ela conta que representar uma autoridade foi uma experiência marcante, principalmente por ser mulher. – Na história, Caifás é uma figura de poder. E para mim, sendo mulher, é importante fazer essa representação. Além disso, nosso texto é bem político e, a partir daí, consigo passar através da arte a minha visão e crítica aos nossos governantes. — disse Stella.
A jovem contou sobre a importância do evento para a Rocinha, lembrando que a comunidade sofre com a falta de recursos básicos como saúde, educação e saneamento. – Faço teatro desde os 11 anos e a arte me salvou. Então, a Via Sacra se tornou parte de mim. Eu não consigo deixar de fazer, mesmo com todas as dificuldades. Vontade e amor não nos faltam, e a favela precisa disso. Já sofremos com a falta de tanta coisa, então um pouco de arte é fundamental — avaliou.