FavelaDaRocinha.com
Menu
  • Notícias
  • Ações Sociais
  • Colunistas
    • Leoni
    • Luiz Carlos Toledo
    • Tico Santa Cruz
    • Guilherme Campos
    • Marilia Pastuk
    • Marcos Barros
    • Binho Cultura
    • Fabiana Escobar
    • Fernando Ermiro
    • Hosana Pereira
    • Guilherme Rimas
  • Fala Tu
  • EQUIPE
Menu

Subir o morro é preciso

Posted on 2 de novembro de 20172 de novembro de 2017 by FavelaDaRocinha
Visão turística da Rocinha (foto: Flávio Carvalho)

Uma turista espanhola morreu. Podia ser você, filho, marido, mãe, sogra, irmã, sobrinho, pai. Só que não. O asfalto Zona Sul não é do tipo que sobe o morro, vai à favela, frequenta o subúrbio. Todo dia há execuções, seja por confronto entre grupos armados, seja em decorrência de operações policiais, em comunidades populares Brasil afora. É na periferia que se concentram as dezenas de milhares de homicídios, quase 60 mil por ano, em particular de jovens de 15 a 29 anos, em particular de pele preta ou parda. Na Maré, de janeiro a setembro, houve 21 mortes violentas. Tragédias que pouco comovem. Faz uns dias, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, declarou que a guerra na Rocinha chegara ao fim, mas os tiroteios ainda existentes são “parte da história da comunidade”. Modesto, o nível de indignação da sociedade com a epidemia de assassinatos na base da pirâmide nunca foi capaz de fazer autoridades tirarem da gaveta o plano nacional de redução de homicídios.

O Brasil se acostumou à empatia seletiva, evidência de que, por essas bandas, algumas vidas importam mais que outras. Daí meu espanto com a saraivada de críticas a Maria Esperanza Ruiz Jimenez. Não faltou quem responsabilizasse a própria vítima pela bala de fuzil que a atingiu no pescoço, dentro do carro, quando saía de uma visita à Rocinha com dois familiares, uma guia turística credenciada e o motorista. Esperanza estaria viva, se policiais cumprissem o protocolo de perseguir antes de atirar; se a profissional contratada cancelasse o passeio na segunda-feira chuvosa, que começara com enfrentamento a bala entre traficantes e forças de segurança.

A morte da turista espanhola, no entanto, foi relativizada porque, de férias na Cidade Olímpica, autodenominada Maravilhosa, ela quis conhecer uma favela. Não nego a espetacularização da pobreza dos que vão a comunidades para ver – e, se possível, fotografar – habitações mal acabadas, rede elétrica em teia, esgoto a céu aberto, crianças descalças, jovens armados. Mas quem critica os safaris urbanos, não raro, está igualmente viciado num só olhar. Mira favela, subúrbio, periferia apenas pela lente da carência, incapaz de enxergar a potência contida nas áreas.

Por isso, subir o morro — em segurança, obviamente — é preciso. Estão ali algumas experiências genuínas de carioquice. Há gente e vivências que materializam encantos do Rio. A cidade de verdade não pulsa exclusivamente na beleza vista do Corcovado; no frio na barriga provocado pelo Bondinho do Pão de Açúcar; no rodízio de carnes nas bordas da enseada de Botafogo; no exuberante espetáculo carnavalesco visto do Setor 9 da Passarela do Samba.

O Rio vive na feira livre dos sábados na Favela Nova Holanda, onde se compra de frutas e legumes a tapioca, carne de sol, roupas e produtos de beleza. A cidade se mostra na Biblioteca Lima Barreto, inaugurada na Maré em 2011, muito antes de o escritor ser homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty. Está presente na Casa de Artes da Maré, no mesmo conjunto de favelas, que abriga a Ocupação Conceição Evaristo, após temporada de estreia no Itaú Cultural, na Avenida Paulista (SP).

O Rio existe na feijoada na Laje da Tia Léa no Vidigal e no Bar do Davi, no Chapéu Mangueira. Pulsa no terreiro de umbanda guardado por frondosa comigo-ninguém-pode no alto da Rocinha; e no restaurante japonês, no mexicano e na cervejaria na parte baixa da comunidade. Há um Rio de histórias nas rodas de conversas, ensaios e apresentações do Espaço Os Arteiros, na Cidade de Deus.

As favelas cariocas guardam uma porção da convivência cordial e divertida que o Brasil anda perdendo de vista. A ida de cariocas e fluminenses e brasileiros e estrangeiros às comunidades, de quebra, impulsiona comércio e serviços locais, num ciclo bem-vindo de geração de trabalho e renda. Também por isso, há que se exigir segurança. Para todos. Em todos os lugares.

Matéria de O Globo clique aqui

FavelaDaRocinha

Site de comunicação comunitária desenvolvido por estudantes de comunicação da própria comunidade da Rocinha.

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você sabia?

Nos anos de 1930, a região (hoje "Rocinha") foi adquirida por imigrantes espanhóis e portugueses, antes dessa data, a área era a “Fazenda Quebra-Cangalha”, onde havia plantio de café.

Procurar no site

Comentários dos leitores

  • Naluh Maués em Meu pequeno grande milagre
  • Cely em Meu pequeno grande milagre
  • Joelma em Meu pequeno grande milagre
  • taillon em Beco nosso de cada dia
  • Maria Ines em Oficinas do Sesc/Senac na Rocinha! Inscrições Gratuitas!

Tags

ajuda arte Biblioteca Borboleta C4 carnaval Cinema comunidade crianças Cultura dinheiro economia educação esporte favela fotografia funk Governo jovens leitura literatura morador moradores morro morte Música oportunidade Parque PM polícia política projeto Rio de Janeiro rocinha saneamento saúde segurança social São Conrado teatro turismo upp vestibular Vidigal violência

Instagram

Follow @@faveladarocinha
Followers: 13343
faveladarocinha.com faveladarocinha.com ·
@FavelaDaRocinha
Nau Rocinha retoma atividades com as primeiras turmas de 2023.
https://t.co/2XFLazxAO5
View on Twitter
0
0
faveladarocinha.com faveladarocinha.com ·
@FavelaDaRocinha
O projeto TMJ Rocinha + Sustentável foi apresentado hoje no Complexo Esportivo da Rocinha mostrando a importância da intervenção e o impacto social e sustentável que a Rocinha receberá com diversas ações. Confira em nosso site: https://t.co/JMK9WJGfdc
View on Twitter
0
1
faveladarocinha.com faveladarocinha.com ·
@FavelaDaRocinha
No início da manhã desta terça-feira (22), sete sirenes de emergência foram acionadas na Rocinha devido à forte chuva. Há relatos de diversos pontos de alagamento na favela.
Em caso de emergência, ligue 199 (Defesa Civil). https://t.co/AbYKz79ctH
View on Twitter
FavelaDaRocinha photo
4
19

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • YouTube
© 2023 FavelaDaRocinha.com | Powered by Minimalist Blog WordPress Theme