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Rota da Vida – moradores da Rocinha vivem menos do que os de São Conrado

Posted on 24 de agosto de 202027 de janeiro de 2021 by FavelaDaRocinha

Por: Edu Carvalho e Gracilene Firmino

‘’A gente vai contra a corrente, até não poder resistir’’. Esses são versos da música ‘’Roda Viva’’, escrita em 1967, por Chico Buarque e Francis Hime. São versos que poderiam ser encontrados na batida perfeita de um funk ou rap. Feito dentro de algum beco, em uma favela ou periferia do Brasil, nos dias atuais, expressando a realidade que define a trajetória muito curta das pessoas que vivem nesses locais.

Esse é o caso de quem mora na Rocinha, Zona Sul do Rio de Janeiro. Em relação à São Conrado, no quesito idade média de vida, os moradores da favela carioca têm 23 anos a menos que aqueles que vivem no bairro vizinho. Não entendeu? Para ficar mais claro: quem mora em São Conrado pode viver 23 anos a mais do que as pessoas residentes na maior favela do país. Já a diferença entre os moradores de Ipanema e da Rocinha é de 29 anos, a maior média contabilizada em todo o município do Rio.

Esse dado foi extraído do panorama Mapa da Desigualdade 2020, lançado recentemente pela Casa Fluminense, organização que reúne pessoas e instituições engajadas na construção de políticas e ações públicas. No documento, estruturado em dez eixos, análises foram feitas a partir de fontes governamentais e também por meio da geração cidadã de dados. O objetivo da iniciativa é evidenciar as desigualdades da capital fluminense, além de traçar um plano de construção de plataformas que resguardem justiça social e direito à vida.

Foto: Flávio Carvalho

Por trás dos dados

Renan Martins tem 21 anos e é morador da região da Rua 2. Para ele, as probabilidades de perigo em vida estão diretamente relacionadas ao lugar onde mora. “Todos que moram numa comunidade sentem medo de problemas frequentes, receio de viver menos. Mas eu morei a minha vida inteira numa região da Rocinha considerada ‘tranquila’ e, por conta disso, acabei não tendo medo de ter minha vida encurtada’’. Renan acredita ainda que por ser branco não foi alvo constante de preconceito.

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O jovem relata as dificuldades de se crescer na favela. “Acredito que a falta de oportunidades, de um modo geral, é uma das coisas mais difíceis de se morar em uma favela. Mas a principal dificuldade é não ter acesso a um bom ensino primário. Nunca precisei de estratégias para sobreviver, exceto não ir pra rua durante um tiroteio e contar com a sorte pra não parar no meio de um quando estiver indo ou voltando do trabalho”.

Diante da possibilidade de viver menos que os vizinhos de bairro, Renan é direto. “Não tenho amigo que mora em São Conrado. Da mesma forma, não mantenho qualquer tipo de rancor dos vizinhos do bairro ao lado. Acredito que o encurtamento da vida do favelado é a consequência de uma horrível tradição histórica de políticas públicas completamente erradas para se lidar com as favelas’’.

O bairro vizinho

Do outro lado, em São Conrado, mora Priscila Kimelblat, de 21 anos. Desde pequena vive no bairro e conta que nunca teve problemas por morar no bairro nobre carioca. “Tenho medo da minha vida ser encurtada não por morar em São Conrado, mas por morar no Rio de Janeiro. Inclusive, moro aqui desde pequena e nunca tive problema nenhum no bairro. Acredito que posso viver mais por conta da minha cor ou classe social sim. Sobre a Rocinha, apenas passei de carro, não tenho amigos que moram lá”.

Priscila relata que tem plena consciência do quanto a vida dela é diferente comparada à vida de uma moradora com a mesma idade na favela. ‘’É muito triste a falta de igualdade que existe no nosso país. Sempre tento reconhecer e pensar no quão privilegiada eu sou. Nunca precisei utilizar nenhuma estratégia de sobrevivência mas sempre tenho o pensamento de como devo reagir caso alguma situação aconteça. Já pensei em estratégias sobre o que teria de fazer caso estivesse no meio de um tiroteio ou de um arrastão’’, diz.

Foto: Flávio Carvalho

Vida conturbada

Ao contrário de Priscila, Che Oliveira, ex-morador da Rocinha, já passou por muitas situações difíceis e teve de criar mecanismos de defesa. “Em uma noite, um traficante bateu na minha porta, namorada e arma a tiracolo, e comunicou: ‘vou dormir aqui’. Em outra, fui acordado pelo barulho de tiros disparados por homens encapuzados que chegaram de carro, tiraram duas pessoas do veículo e as executaram quase na porta do antigo Clube Umuarama.

Por fim, antes de deixar a favela no início dos anos 2000, tive minha mãe levada de casa por traficantes para um ‘tribunal do tráfico’ – com arma apontada pra cabeça e tudo. Aprendi rápido que uma briga de vizinhos na favela é um excelente exemplo de estudo de caso antropológico sobre as relações de poder”.

“A favela é a eterna senzala”

Quando questionado sobre as dificuldades de morar na favela, Che é direto. “Não poder usufruir do que, na época, poderia ser considerado um privilégio para quem morava na favela – uma linha de telefone, fornecimento regular de água e luz, uma área de lazer, transporte adequado… Enfim, a presença do Estado como um todo”.

Ainda assim, o fato de Che ser um homem branco e ter estudado em bons colégios, lhe trouxe privilégios. “Com certeza sofri menos preconceito por ser da favelas mas ser branco.Além disso, teve a imponência de usar um uniforme do Colégio Pedro II, onde eu estudava. Impunha respeito, qualquer coisa que acontecesse comigo certamente teria repercussão”.

Che finaliza dizendo que nunca teve aproximação ou amigos que morassem em São Conrado, durante o período em que viveu na Rocinha. “Não tenho sensações ou sentimentos pelos moradores do bairro pois nunca conheci efetivamente um”. Quando informado que a média de vida para quem mora na Rocinha hoje é de 23 anos a menos a de quem mora em São Conrado, o ex-morador da favela resume a resposta em frase curta: “Definitivamente, a favela é a eterna senzala”.

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Site de comunicação comunitária desenvolvido por estudantes de comunicação da própria comunidade da Rocinha.

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