A Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, comemorará os 25 anos de sacerdócio do frei Sandro Roberto da Costa, no dia 19 de dezembro. A celebração será presidida pelo Cardeal Orani João Tempesta, às 19h. Na data, a igreja ainda recordará os 80 anos do lançamento da pedra fundamental para a construção do templo.
Vocação
Vindo do seio de uma família religiosa, cuja participação na santa missa e nas atividades paroquiais era constante, o pequeno Sandro cresceu com uma certeza: o sacerdócio. “Minha família é muito católica. Meu pai, aos 80 anos, é congregado mariano há mais de 50 anos. Meu ambiente sempre foi muito religioso, e carrego o desejo de ser padre desde os seis anos de idade”, comentou.
Aos 12 anos, o pequeno Sandro servia junto ao Altar, como coroinha, e embora muitos meninos ingressassem no seminário ainda na tenra idade, o pároco aconselhou para que ele esperasse um pouco mais. “Ele achava que eu fosse sofrer muito”, completou.
Mesmo após a conclusão dos estudos e de cursos, ele ainda trazia consigo a vocação sacerdotal. Já aos 16 anos, ele passou a buscar informações junto à Congregação do Santíssimo Redentor (padres redentoristas) – responsáveis pelo Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. “Muitos dos meus amigos já haviam ingressado no seminário. Existem os amigos que indicam o caminho, e Deus também fala através deles. Fui aceito nos redentoristas, e lá conheci os franciscanos de Guaratinguetá”, afirmou.
Os franciscanos
Ainda na infância, um dos primeiros livros lidos por Sandro foi, justamente, sobre São Francisco de Assis. “Quando os conheci, não fazia ideia de que a congregação existia, uma vez que no Vale do Paraíba, em São Paulo, somos pautados pelos padres redentoristas”, destacou.
A história do fundador e o testemunho vivo dos irmãos franciscanos chamaram a atenção do jovem. “Fiquei impressionado pelo estilo de vida de São Francisco. Quando conheci os franciscanos, não tive dúvidas. Logo pensei: ‘É isso o que eu quero e o que preciso’. Saí dos redentoristas de forma tranquila; foi uma passagem natural”, acrescentou.
O ingresso na Ordem dos Frades Menores dos Franciscanos completou o desejo do jovem de entregar, por completo, a vida a Deus. “É uma vocação que me acompanha desde criança. Não me vejo de outro modo. O mesmo digo com relação aos franciscanos”, ressaltou.
A ordenação
Após concluir os estudos no Seminário Arquidiocesano de São José, ele foi ordenado sacerdote pela imposição das mãos do então bispo da Diocese de São José dos Campos, em São Paulo, Dom Nelson Westrupp, no dia 19 de dezembro.
Logo após a ordenação, frei Sandro atuou na província da ordem e, depois, estudou durante seis anos na Universidade Gregoriana, em Roma, onde se formou em História da Igreja.
Ao retornar ao Brasil, trabalhou como professor no Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, onde também foi diretor, além de atuar nas casas de formação e pastorais da ordem.
Rocinha
No início do ano de 2016, frei Sandro foi enviado para assumir uma nova missão: a Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, considerada a maior favela da América Latina, com quase 70 mil habitantes.
De acordo com o frei, a comunidade paroquial foi construída pelos próprios franciscanos. “É uma comunidade empobrecida e com muitos desafios; foi criada pelos frades. Justamente no dia de minha ordenação, a paróquia completa 80 anos do lançamento da pedra fundamental”, contou.
Além disso, no próximo ano, na data dedicada a São José, padroeiro dos trabalhadores, no dia primeiro de maio, a igreja celebrará também 80 anos da primeira missa. Na celebração, acontecerá a abertura das festividades.
Diante das comemorações, frei Sandro carrega apenas um desejo: “Precisamos buscar paz na Rocinha. Uma paz que não se revela apenas pela ausência de tiroteios. Todos os dias há trocas de tiros, incursões da polícia e mortes. Desejo uma paz que se revele tal como ela deve ser: com condições dignas de vida e assistência médica. Como já dizia o Papa Paulo VI, ‘paz não é só ausência de guerra, e sim condições dignas de vida’. Que sejamos uma luz em cima do monte para indicar que existem outras vias e estradas”, finalizou.
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