No sábado do dia 12 já estava na página de todas as bibliotecas da rede de Bibliotecas Parque a redução do horário de 12h às 18h30 e o fechamento aos finais de semana. A medida teve uma repercussão muito negativa por parte dos agentes culturais da Rocinha. O C4 Biblioteca Parque da Rocinha já estava com horário reduzido, funcionando de 10h às 18h, de terça a domingo, devido ao quadro de funcionários que não estava completo.
Nas redes sociais, ONGs e agentes culturais divulgaram uma carta de manifesto contra a redução do horário de atendimento da Biblioteca. Segue na íntegra:
EM NOME DA “CRISE”, MENOS CULTURA E MAIS ARMAS PARA A FAVELA.
Falta de respeito!
Essa tem sido a tônica do tratamento que em nossa visão a cultura da favela tem sido tratada. Os grupos culturais que assinam essa carta, tem acompanhado um processo que com certeza não se restringe a nossa comunidade. Infelizmente, ainda não se entende a favela como potência, culturalmente falando. O que estamos vendo atualmente é um espaço cultural sendo fechado a comunidade aos finaisde semana e um horário reduzido, funcionando de terça a sexta das 12h as 18:30.
Os últimos acontecimentos creditados a “crise”, nos remete, na verdade, a um passado recente. Lutamos a muitos anos por um espaço cultural, sem que a falta de um fizesse com que parasse com as nossas atividades. Pelo contrário. Mas surgiu a possibilidade de uma construção – a partir da luta de muitas pessoas – de um espaço cultural. Foram inúmeras reuniões com entes governamentais. O C4 (que mais tarde seria inserido Biblioteca Parque da Rocinha no nome) começava a se tornar uma realidade. É importante saber que o espaço foi inaugurado de forma inacabada. É bom lembrar também que o projeto inicial, discutido com a comunidade, foi alterado. O C4, enfim, abria as suas portas.
Em reuniões na comunidade a Secretaria de Cultura do Estado reiterava que a “solução” seria a O.S que assumiria o espaço. Solução curiosa. Hoje, a O.S de nome I.D.G (Instituto de Desenvolvimento e Gestão) é quem gere o espaço. O caminho apresentado pelo governo se mostrou ineficaz. Não houve solução alguma para os problemas do espaço. Logo, fica claro que a entrega do espaço a uma O.S não é o caminho. Observamos que muitas vezes a “favela como oportunidade” tem uma outra conotação. Rende boas fotos, contratos, principalmente em inaugurações.
Oportunidade para quem? O que vemos hoje é que a “crise” expõe uma lógica que conhecemos muito bem: a da “ocupação” do “território”, só que na favela, dessa vez, ela permeia a cultura. Aonde estão aqueles que aparecem nas solenidades e inaugurações nesse momento ?
A FAVELA EXIGE RESPEITO!!!
Centro de Cultura e Educação Lúdica da Rocinha
Fórum de Cultura da Rocinha
GBCR
Grupo de Teatro Pé Sujo
Grupo de Teatro Roça Caça Cultura
Grupo de Valsa Noite de Encantos
Intervém Favela
Museu Sankofa Memória e História da Rocinha
FavelaDaRocinha.com
Viva Rocinha