Essa foi uma frase muito utilizada por moradores da Rocinha nos últimos anos.
A descrença de que uma doença como a AIDS possa matar qualquer pessoa que tenha iniciado a vida sexual fez da Rocinha terra fértil para o aumento do número de pessoas contaminadas na ultima década.
Uma serie de fatores importantes contribuíram, e muito, para esse aumento assustador.
- Estímulo precoce à sexualidade sem orientação;
- Campanha resumida à distribuição de camisinhas sem um diálogo sobre o sexo e seus riscos ;
- A banalização do sexo.
São muitos os fatores que contribuíram e camuflaram uma questão tão importante. Esse assunto é de saúde pública, porém perpassa pela consciência de cada pessoa que inicia sua vida sexual. A Rocinha nos últimos anos liderou como área de grande taxa de infectados pelo vírus, entretanto, sempre acompanhado do preconceito que ronda a doença, do tipo: Gays morrem com AIDS, já heterossexuais morrem de pneumonia, tuberculose etc., mas jamais assumem que AIDS é um vírus que não escolhe sexo, cor, idade, aparência ou condições financeiras. O que esse usa como grande aliada é o desprezo pela informação que é transmitida há anos sobre a doença.
A Rocinha nos últimos 10 anos teve uma completa banalização do sexo, onde crianças foram estimuladas sexualmente e viveram uma “campanha aos avessos” cujo sexo sem camisinha era exaltado a todo instante. Tudo foi tão explicito que farmácias da Rocinha tinham em suas vitrines apenas propagandas de pílulas do dia seguinte e fraldas descartáveis. Isso demonstrava claramente que:
- As pessoas, principalmente jovens, estavam transando desordenadamente sem o preservativo (camisinha);
- O sexo estava vinculado apenas à gravidez;
- A pílula do seguinte estava sendo usada como único método contraceptivo;
Com todos esses ingredientes tivemos nascimentos e mortes caminhando lado a lado. O preconceito que ronda tais assuntos deixa cada vez mais vulnerável quem ainda acredita que AIDS é doença de homossexual. Infelizmente todo trabalho de desmitificarão dessa associação feita na década de 90 se perdeu.
Por ser ainda hoje, infelizmente, um assunto que é cercado de preconceito e discriminação, moças e rapazes, gays ou não, estão de frente no grupo de risco de uma possível contaminação. Algumas vezes, as famílias de adoecidos atribuem o óbito a doenças como tuberculose e pneumonia para camuflar a presença do vírus do HIV, dificultando que outras pessoas que possam ter sido contaminadas procurem ajuda médica para detectar e começar o tratamento que pode salvar suas vidas e de pessoas que com elas mantiverem relação sexual.
A AIDS é uma doença incurável, porem tratável. Hoje temos avanços importantes na medicina que dão sobrevida aos portadores do vírus, com distribuição gratuita de medicamentos e todo acompanhamento médico necessário, porém, sem isso, o vírus leva a pessoa à morte. Por isso, a importância de reforçar campanhas de prevenção e combate ao preconceito que existe em torno da doença.
Mesmo com todo avanço médico e sobrevida de portadores do vírus do HIV, ela é uma doença extremamente cruel, tanto na parte física quanto psicológica. Por isso, o ideal é não pagar para ver. Então sexo seguro, exames periódicos, conscientização sobre como se pega e como se transmite AIDS é de extrema importância para reduzirmos a taxa de infecção.