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Je suis Favela

Posted on 30 de janeiro de 2015 by Binho Cultura

10360390_10204442361474121_569982015066538586_nFavela é um jeito de ser, a solidariedade e a caridade esperada e tão rara na humanidade ainda persiste nos territórios subdesenvolvidos formados por habitações denominadas conglomerados subnormais pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Uma pena que ainda não surgiram pesquisas que meçam o grau de afeto. Seja na Rocinha, Alemão ou na Vila Aliança, uma porta sempre estará aberta, haverá um bocado a mais para compartilhar com quem estiver com seu vasilhame sem nenhum grão de arroz e feijão.

Tudo o que as pessoas que moram em Favelas ou Conjuntos Habitacionais sofrem de violações seria o suficiente para exterminar metade do Brasil racista e segregacionista, mas não, Favelado não é extremista nem tão pouco fundamentalista, caso contrário, cada tapa na cara, cada ente querido inocente que perde, cada preconceito que sofre, seriam razões de sobra para explodir um monte coisas por aí.

O “pacato cidadão” que se vira para subir na vida, ainda que seja de degrau em degrau para levar as bolsas de compras, ou o material de construção para dar uma melhorada na “caxanga”, respira, pensa na vida, contempla o mundo à sua volta e sobe, porque aprende que não dá para cruzar os braços ou ficar reclamando, até que vem uns moleques e por umas moedas aliviam o peso da tia, que já está cansada do peso da vida, mas segue em frente.

Ser Favelado não é o termo pejorativo como sinônimo de baderneiro ou miserável, ser Favelado é ajudar a virar laje mesmo sem conhecer o dono casa, é rezar pelo bem estar de um desconhecido, é compartilhar a luz, a água por mais escasso que estejam, talvez por essa razão o termo Comunidade se enquadre, não como eufemismo para tentar mostrar que seja “mais bonitinho” do que chamar de Favela, que do meu ponto de vista é um conceito de vida, que fomenta estilo, forma gente batalhadora que enfrenta a “guerra” do dia a dia. Gente que vive com pouca grana ou quase nada, rala pra caramba e o que recebe mal paga as compras, gente que vive do improviso, sustenta a alegria o gingado e o sorriso, que toca tambor, vai à missa ou no culto dominical, na Favela tem gente de todas as religiões, quem nunca recebeu logo cedo uma testemunha de Jeová batendo no portão?

Ser Favelado é ser resiliente com os que provocam as mazelas, as desigualdades sociais, a violência e a corrupção de todas as partes que fazem a corda arrebentar para o lado mais fraco, que é o da Favela. Como diria o samba de Arlindo Cruz “…só quem te conhece por dentro pode te entender…” Porque se os moradores e moradoras das Favelas soubessem que têm o controle econômico das cidades não seriam dominados com tanta facilidade, de porteiros e motoristas a emergentes sociais estreantes na nova classe média, uns saem outros continuam Favelados por opção.

Só quem mora na Favela e conhece suas regras pode dizer como é sobreviver na selva, onde os gringos vêm com seus guias turísticos locais para fazerem seus safáris invadindo a privacidade daqueles que têm um modo de vista “exótico”. A quem interessa que a miséria acabe se ela dá ibope, votos e alimenta economicamente indústrias de diversos segmentos? Já pensou no quanto o Favelado gera para o PIB? O saudoso Joãozinho Trinta dizia que pobre gosta de luxo, quem gosta de pobreza é intelectual e estava mais do que certo. Porém, esses objetos de estudo cansaram de ser observados por seus pesquisadores e aos montes invadiram as universidades e passaram a remontar um lugar de disputa, o lugar de debate, se posicionam.

O filho do Seu Zé Pedreiro agora tem anel no dedo, a filha da empregada doméstica tem diploma, Favelado é criativo e inteligente, por essa razão foi impedido de acessar ao conhecimento, para ser mantido como subserviente da classe dominante, a história está mudando, agora os pobres coitados são aqueles que ainda mantêm o discurso da divisão entre Favela e Asfalto, isso é papo do século passado, o que permanece ainda são os arquétipos e estereótipos que estigmatizam a população que, como foi dito, uma grande parte não sabe o poder que tem, contudo, apenas uma questão de tempo, mesmo com toda a tentativa de eliminar a Favela, ela sobrevive, resiste e existe reinventando-se a cada dia.

Binho Cultura

Escritor, Cientista Social. Autor dos Livros A história que eu Conto, editora Aeroplano e da Coleção Amigoteca, composta por três livros infantis: O menino que lia, Aninha – A peixinha bailarina e Não existe Bicho papão. Nascido e criado em Vila Aliança – Bangu – Zona Oeste do Rio de Janeiro, com muito orgulho.

2 thoughts on “Je suis Favela”

  1. Lindacy Fidelis da Silva menezes disse:
    8 de março de 2015 às 19:25

    É muito importante, tudo que você escreveu, realmente essa é, a realidade da vida nua é crua

    Responder
  2. Lindacy Fidelis da Silva menezes disse:
    8 de março de 2015 às 19:41

    Boa tarde Bio Cultura estou aprendendo ainda responder esses Email o computador não asseito o meu comentário ,mas continuo,respondendo,

    Responder

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A população da Rocinha é estimada em 120 mil moradores pelos registros da Companhia de Energia Elétrica, em 62 mil pelo último censo oficial e em mais de 150 mil segundo os próprios moradores.

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