FavelaDaRocinha.com
Menu
  • Notícias
  • Ações Sociais
  • Colunistas
    • Leoni
    • Luiz Carlos Toledo
    • Tico Santa Cruz
    • Guilherme Campos
    • Marilia Pastuk
    • Marcos Barros
    • Binho Cultura
    • Fabiana Escobar
    • Fernando Ermiro
    • Hosana Pereira
    • Guilherme Rimas
  • Fala Tu
  • EQUIPE
Menu

Ex-moradores da Rocinha tentam ganhar a vida fora do país

Posted on 22 de janeiro de 201822 de janeiro de 2018 by Flávio Carvalho
Legenda foto arquivo pessoal: Da esquerda para a direita, Suene Oliveira, Vinicius “Maka” Castro com sua esposa, Vanda Nascimento, Leandro Lima e Michele Castro.

Austrália, Itália, Estados Unidos e Espanha são esses os destinos de cinco ex-moradores da Rocinha que ganharam o mundo e tentam viver longe da favela. Eles contaram para o FavelaDaRocinha.com as vantagens e desvantagens de morar em outro país.

A decisão de morar fora pode ser estimulada pelo surgimento de um novo trabalho, vontade de construir uma família, encontrar um lugar melhor para viver, pela procura de uma nova experiência, pelo crescimento pessoal ou profissional ou simplesmente a vontade de sair do país. Uma coisa é certa, quem morou por muito tempo ou é cria da favela tem boas lembranças da cultura e das pessoas da Rocinha.

A jornalista Suene Oliveira, 28 anos, está morando há sete meses em Roma, na Itália e acha que viver em um país da Europa, é dizer sim para crescer como pessoa. Na capital italiana, ela tem tido contato com a rica história do país e considera que o novo lugar que reside lhe proporciona uma rica experiência de aprendizado.

“Gostaria que na nossa comunidade todos tivessem acesso à cultura com mais facilidade e que os moradores da Rocinha sentissem orgulho do que foi construído aí, como vejo o orgulho dos italianos por cada pedaço de pedra que eles têm”, afirma Suene.

O administrador do Rocinha Guest House, um dos primeiros hostels da comunidade, Vinícius Castro, mais conhecido como Maka, 34, é nascido e criado na Rocinha e está morando em Melbourne, Austrália, há seis anos. Ele aponta inúmeras diferenças da vida na sua cidade para a Rocinha. “Não tem favela; a classe média é mais numerosa que a classe mais pobre; todas as casas têm uma horta urbana; o lixo é separado e coletado semanalmente”. Em compensação, ele lembra que onde mora atualmente o comércio fecha mais cedo e não é permitido comer, beber, jogar vôlei e futebol na praia.

“Quando penso na Rocinha, imagino as pessoas que me viram crescer e que fizeram parte de minha vida. Fico feliz ao saber que amigos da minha geração estão realizando projetos na comunidade e ajudando uns aos outros.  Corta o meu coração vê-los reféns dessa guerra sem fim”, comenta Maka.

Michele Castro, 34, musicista que também é cria da Rocinha, está morando no Colorado, Estados Unidos, desde 2015 e vive numa cidade que no ponto de vista dela tem um aspecto funcional. O custo de vida é menor e é possível adquirir artigos eletrônicos a baixo custo. O maior impacto que ela percebeu quando se mudou foi a longa distância entre as residências e o comércio local, além da presença de poucas pessoas circulando nas ruas.

“Quando tenho notícia ruim da Rocinha, meu sentimento é de tristeza. Principalmente quando é noticiado por uma mídia especuladora em que não há preocupação em abordar o problema na raiz. Como se a Rocinha tivesse na sua maioria traficantes e usuários de drogas. E todos nós sabemos que não é assim, me deixa revoltada quando não temos a nossa representação na mídia de forma honesta e verdadeira”, explica Michele.

Desde 17 de setembro, a Rocinha vive momentos difíceis devido ao confronto armado para obter o controle de pontos de venda de drogas. Muitas pessoas têm procurado outro lugar para morar e já houve vítimas fatais decorrente de tiroteios que acontecem repentinamente.

Michele também recebe boas notícias sobre a Rocinha e isso é gratificante para a musicista. “Fico feliz em saber que os meus amigos estão fazendo coisas maravilhosas, ou quando um projeto dá bons frutos. Tenho satisfação enorme ao falar da minha vida na Rocinha e apontar para quase 100% dos meus amigos como um exemplo do que há de bom na Rocinha”, afirma Michele.

O jogador de basquete, Leandro Lima, 33, que vive em Palma de Mallorca, na Espanha, há seis anos com a esposa que conheceu no Rio de Janeiro, gostaria que tivesse mais igualdade entre as pessoas daqui. “Seria muito bom se todos pudessem trabalhar e ter as mesmas condições econômicas, tendo um trabalho simples”, comenta Leandro. A decisão de morar na península Ibérica foi tomada em conjunto com sua mulher que já vivia no país.

Vanda Nascimento, 47, que mora há dez anos na pequena ilha italiana, Lampedusa, 6,3 mil habitantes, que faz parte do arquipélago das Ilhas Pelágias, tem uma vida pacata, muito diferente da agitação da Rocinha, que tem cerca de 70 mil habitantes, segundo o IBGE. Ela afirma que o lugar que mora também tem problemas, crises e violência, mas a diferença é que muitos podem viver com dignidade e sustentar a família mesmo com um salário modesto, diferentemente do que acontece no Rio de Janeiro.

“Eu sinto saudade das pessoas amigas, da variedade de comidas nas ruas, tudo muito gostoso e barato”, explica Vanda. Já Maka fez uma lista detalhada do que sente saudades na Rocinha.

“Sinto saudade de acordar de manhã, ir de chinelo e bermuda comprar pão. Dar bom dia a família, aos vizinhos, motoristas de ônibus, moto e vans. Encontrar aquela pessoa que não vejo há dias e trocar risadas. Falar besteiras com os amigos nos nossos lugares específicos, pois cada grupo tem um beco que gosta de parar para trocar ideias. Sinto falta do casual, do biscoito Globo, do mate em Ipanema, da comida das baianas, o Maki-sushi, do restaurante Trapiá, dejogar vídeo game e ouvir Rock ‘n’ Roll com amigos”, recorda Maka.

Flávio Carvalho

Flavio Carvalho é jornalista e fotógrafo popular nascido e criado na Rocinha. Graduou-se em jornalismo pela PUC-Rio, ele integra, desde 2009, a equipe que compõe o site FavelaDaRocinha.com. Atualmente é repórter de campo e fotógrafo da iniciativa global World Mosquito Program, conduzindo no Brasil pela Fiocruz.

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você sabia?

O primeiro posto de saúde na Rocinha foi criado em 1982, com muito esforço dos moradores.

Procurar no site

Comentários dos leitores

  • Naluh Maués em Meu pequeno grande milagre
  • Cely em Meu pequeno grande milagre
  • Joelma em Meu pequeno grande milagre
  • taillon em Beco nosso de cada dia
  • Maria Ines em Oficinas do Sesc/Senac na Rocinha! Inscrições Gratuitas!

Tags

ajuda arte Biblioteca Borboleta C4 carnaval Cinema comunidade crianças Cultura dinheiro economia educação esporte favela fotografia funk Governo jovens leitura literatura morador moradores morro morte Música oportunidade Parque PM polícia política projeto Rio de Janeiro rocinha saneamento saúde segurança social São Conrado teatro turismo upp vestibular Vidigal violência

Instagram

Follow @@faveladarocinha
Followers: 13349
faveladarocinha.com faveladarocinha.com ·
@FavelaDaRocinha
A Spectaculu – Escola de Arte e Tecnologia está com inscrições abertas para o processo seletivo de seus cursos gratuitos. A escola, que há 23 anos oferece formação profissional na indústria criativa, seleciona jovens das periferias para novas turmas. https://t.co/4KLm4wy5LE
View on Twitter
0
0
faveladarocinha.com faveladarocinha.com ·
@FavelaDaRocinha
Nau Rocinha retoma atividades com as primeiras turmas de 2023.
https://t.co/2XFLazxAO5
View on Twitter
0
0
faveladarocinha.com faveladarocinha.com ·
@FavelaDaRocinha
O projeto TMJ Rocinha + Sustentável foi apresentado hoje no Complexo Esportivo da Rocinha mostrando a importância da intervenção e o impacto social e sustentável que a Rocinha receberá com diversas ações. Confira em nosso site: https://t.co/JMK9WJGfdc
View on Twitter
0
1

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • YouTube
© 2023 FavelaDaRocinha.com | Powered by Minimalist Blog WordPress Theme