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Evento em comemoração ao Mês da Mulher reúne dezenas de moradores no C4 da Rocinha

Posted on 5 de abril de 201917 de abril de 2019 by Gracilene Firmino

No último dia 23 de março, o FaveladaRocinha.com realizou um evento que consistiu em uma tarde repleta de conversas e trocas de experiências em comemoração ao Mês da Mulher. O encontro, que aconteceu na Biblioteca Parque na Rocinha (C4), foi produzido exclusivamente pelas mulheres que compõem a equipe de profissionais do site e reuniu dezenas de moradores locais. O encontro era voltado para o público feminino e a maioria da plateia era composta por mulheres mas muitos homens também marcaram presença.

Com o intuito de promover a união, informar e orientar as mulheres, os assuntos foram escolhidos e as convidadas selecionadas. Foi possível ver muita informação e reflexão, por parte das ouvintes, através dos bate-papos. Os temas foram “Saúde da Mulher” falando sobre cuidados com a autoestima, saúde física e mental; “A Mulher Empoderada” abordando questões relacionadas ao preconceito; e “A Mulher Profissional” discutindo questões relacionadas ao mercado de trabalho.

Da esquerda para a direita: Rita Smith e Maria Helena que compuseram a primeira mesa

Para falar sobre as questões relacionadas à saúde da mulher as convidadas foram a enfermeira e diretora do Centro Municipal de Saúde (CMS) Dr. Albert Sabin, Maria Helena e a agente de saúde Rita Smith. Já a mesa sobre o empoderamento feminino foi composta pela ativista social e comunicadora Michele Silva, a escritora Fabiana Escobar (Bibi Perigosa) e a arquiteta e urbanista Tainá de Paula. Por último, para falar sobre a mulher no mercado de trabalho, a convidada foi a profissional de Recursos Humanos (RH) Débora Nascimento. Além das rodas de conversa, o evento contou também com a participação de representantes da AMAZOESTE-RJ, que ofereceram orientação jurídica às mulheres e falaram sobre empreendedorismo.

O início do encontro foi marcado pelas falas da Dra Maria Helena, que é amplamente conhecida na Rocinha como defensora da saúde na favela, e da Rita Smith, a Ritinha, que além de agente comunitária de saúde é conhecedora de diversas causas relacionadas ao tema. Helena ressaltou a importância desse tipo de evento e sobre a “Saúde da Mulher”, tema do primeiro bate-papo. “É fundamental discutir os assuntos pertinentes à mulher. Temos de trabalhar para que todos entendam sobre seus direitos, para que assim possam lutar para que as políticas públicas sejam aplicadas como se deve, principalmente quando falamos de saúde”. Já Rita, aposta na união para a que haja a perpetuação do que já foi conquistado pelas mulheres. “Juntas podemos mudar qualquer coisa. Somos resistência, eu mesma já senti na pele as violações que as mulheres sofrem diariamente aqui na Rocinha, no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo inteiro. Estamos avançando mas precisamos continuar a luta”.

Da esquerda para a direita temos Tainá de Paula, Fabiana Escobar e Michele Silva, que compuseram a mesa “A Mulher Empoderada”

O segundo bate-papo, que tinha como tema “A Mulher Empoderada” rendeu mais de uma hora e meia de debates. Mulheres puderam opinar sobre seus papéis na sociedade atual. A arquiteta e urbanista Tainá de Paula comentou sobre a necessidade da construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. “Favelada é sobrevivente. Literalmente sobrevivente, de um sistema que não gosta das mulheres. Quando paramos pra pensar como a sociedade foi construída, como a cidade foi construída, a gente não tem a dimensão de quantas mulheres foram excluídas desse processo”. Tainá também apresentou em sua fala um breve histórico das mudanças que o papel da mulher já sofreu.

“As mulheres no século XVIII eram proibidas de sair sem seus maridos, até para comprar uma bala os homens tinham que acompanhá-las, isso por lei. Quando a gente tem o Ventre Livre em 1871, temos, curiosamente as mulheres negras, permissão de ficar na rua. As mulheres na virada do século XIX para o XX eram proibidas de tomar banho na praia, as que tomavam eram consideradas vadias e vagabundas. E as que tomavam banho de mar e iam para casa molhadas, eram consideradas prostitutas, literalmente. O tempo passa e a coisa não melhora. Já no século XX, as mulheres não podiam andar em carros esporte. Não podiam jogar futebol, jogar tênis, não podiam fazer nada. As mulheres começaram no esporte na segunda década do século XXI, e isso nos clubes da elite. Além disso, intelectuais inventaram, há muito tempo, um fetiche que está até hoje nos nossos corpos, principalmente nas mulheres negras, da mulher que está no samba, no carnaval, mas não como os homens, bem trajados, e sim seminua como objeto de desejo”

Tainá de Paula defendeu que o feminicídio se tornou uma epidemia

Tainá completa comparando o feminicídio a uma doença epidêmica. “Segundo a ONU o Brasil vive uma epidemia de feminicídio. Tipo a peste bubônica no século XVIII, a lepra no século XIX, a malária no século XX e a tuberculose ainda hoje. Quando eu penso na perspectiva viral, incontrolável como doença, vejo que o buraco está fundo. Desde o começo do ano, mais de 500 mulheres foram mortas por serem mulheres. A gente devia refletir sobre isso, por que a pessoa morre por ser mulher?”.

Michele Silva, uma das fundadoras do jornal comunitário Fala Roça, também estava na mesa que discutiu o empoderamento feminino e comentou sobre a complexidade da expressão. “A gente tem falado muito do empoderamento feminino, o que realmente é ser empoderada, é uma discussão que a gente pode se aprofundar. Muita gente ainda não tem essa noção do que é ser empoderada. A primeira coisa é que lutamos contra qualquer atitude que seja machista. Essa geração vai acabar de sacramentar o que a gente vem buscando. Não vai acabar aí, é um processo demorado, mas eu acho que estamos tomando um bom caminho, tanto que estamos aqui hoje, falando e tendo um lugar de fala”.

Michele Silva contou um pouco sobre o preconceito que sofre por ser comunicadora

A comunicadora falou ainda sobre a luta das mulheres para alcançarem e ocuparem certos espaços e sobre o preconceito que ainda sofrem. “O meu ramo, que é a comunicação, sempre foi um lugar muito masculino. Hoje, conseguimos ver mais mulheres na função de jornalista, mas ainda é complexo. A maioria das redações são compostas por homens brancos elitizados, e a gente vai tentando ocupar esses ambientes. Muita gente fala da leveza, do lado feminino, não concordo muito com isso, não me vejo assim, falando de Rocinha a situação é bem particular. A Rocinha é composta de nordestinos, que trazem consigo toda uma cultura, que já é antiga. Para eles, uma mulher com protagonismo é vista de maneira diferente. Falar para os mais velhos que sou ativista, que sou comunicadora é um absurdo. É preciso a todo momento provar que a gente tem noção do que está falando, que sabe o que está fazendo. E que a gente tem chance de trazer coisas boas para a comunidade. É difícil, a gente ainda tem que trabalhar para educar. Eu acho horrível esse termo, mas temos que educar as pessoas sobre o que é ser empoderada, o que é ser dona da sua vida e estar ciente que as pessoas vão te criticar por isso”.

Quem fechou a mesa que tinha como tema “A Mulher Empoderada” foi Fabiana Escobar, a Bibi Perigosa, que ficou nacionalmente conhecida depois que teve sua história contada em uma novela. Ela falou um pouco sobre sua vida e como a família influencia e forma uma mulher. “Eu não nasci aqui na Rocinha, vim da Zona Norte, Rio Comprido. Fui criada entre Fallet e Fogueteiro e Turano, minha avó nasceu no Turano e eu vivi lá. Quando eu era pequena não se ouvia muita essas questões sobre a mulher, era outra época. Mas minha mãe trabalhava fora, até a separação dos meus pais eu tinha uma família tradicional. Uma criança que tem uma boa base familiar, vai crescer em um caminho bom mas é preciso orientar”.

Fabiana Escobar disse que as mulheres precisam se desvincular da dependência afetiva para assim descobrirem quem realmente são

Bibi falou também sobre a criação de um vínculo afetivo criados pela sociedade entre homens e mulheres mesmo diante de situações adversas e de abusos. “A pressão no meu ex-marido era sobre dinheiro, por isso foi para o tráfico. Pode parecer só coisa de novela, mas não. Eu o acompanhei porque o amava. Eu não conseguia enxergar a parte ruim. Eu priorizava manter minha família. Eu sabia que tudo aquilo era errado. Eu só consegui enxergar o risco, quando rompi o laço afetivo com ele. Escrevi livro, que foi inspiração para a novela. Faço filme, sou artista. E quando tiram foto da produção, sou eu na frente com um bando de homens atrás, isso faz com que me sinta poderosa. Nós, mulheres, precisamos entender o poder e a potência que temos”.

Débora Nascimento deu dicas sobre mercado de trabalho

Fechando o ciclo de conversas, o palco do evento recebeu a profissional de Recursos Humanos Débora Nascimento que discorreu sobre a mulher no mercado de trabalho e deu dicas sobre como conseguir um novo emprego. “A primeira, e talvez mais importante, dica que eu dou de carreira, pegando meu próprio exemplo, é que o primeiro passo para você mudar de carreira ou começar uma é se sentir apta a fazer aquilo, ter vontade de estudar para esse novo desafio é sinal que se pode virar a chave. É preciso saber que você pode e também querer poder”.

O evento mobilizou muitas moradoras da Rocinha e fez com que elas tivessem um momento de troca e de aprendizagem. Maria das Graças Terto acompanhou todas as mesas e relatou que o encontro foi muito importante. “É fundamental que tenhamos sempre mais informações. Ainda mais quando falamos de um evento produzido por mulheres para as mulheres daqui e com a formação, apresentação e mediação das mesas feitas única e exclusivamente por mulheres. Isso faz com que a gente se sinta mais à vontade tanto para falar, comentar, participar e tirar dúvidas quanto para vir ao encontro, sair de casa e falar sobre esses assuntos tão polêmicos, atuais e que mexem tanto com todas as mulheres”.

As mulheres da plateia participaram ativamente das discurssões

No fim do encontro, as mulheres do grupo Acorda Capoeira se apresentaram animando a plateia e fechando o evento.

Gracilene Firmino

Nascida e criada na Rocinha, é amante de fotografia, MPB e literatura. Jornalista formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), sempre teve verdadeira paixão pela escrita e pela leitura, daquelas que lê até bula de remédio. A comunicação comunitária foi o meio pelo qual obteve seu primeiro contato direto com o jornalismo. Atualmente, está se especializando em produção de conteúdo digital. Embarcou no FavelaDaRocinha.com, com a intenção de somar e produzir conteúdo de qualidade para os moradores da Rocinha.

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