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Escola estadual em favela do Caju recebe projeto piloto de meditação

Posted on 10 de novembro de 201711 de novembro de 2017 by FavelaDaRocinha
Alunos do Colégio Estadual Jornalista Maurício Azêdo fazem meditação: são 150 inscritos (foto: Fabiano Rocha)

Na semana passada, uma bala perdida foi parar no quarto da estudante Luíza, de 15 anos. O projétil de fuzil ficou cravado na parede, um pouco acima da cama da adolescente. Com Camilla, de 16 anos, a história foi outra: ela entrou em choque ao saber da morte do primo num confronto com a polícia este ano. A notícia era esperada pela família, que sabia do envolvimento do jovem de 17 anos com o tráfico. Já Daniel, um rapaz negro de 18 anos, foi detido por policiais militares ao ser confundido com um traficante. Passou duas horas sendo interrogado na favela. Não chegou a ser levado para uma delegacia, mas só foi liberado quando parentes chegaram com os documentos dele.

SALA COM 12 MARCAS DE TIRO

Os relatos são de estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Jornalista Maurício Azêdo, na Vila Olímpica Mané Garrincha, no Caju. A escola tem 248 alunos matriculados, quase todos moradores do Parque Boa Esperança e de outras 12 comunidades do entorno. Apesar de ter uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), a região, onde moram cerca de 20 mil pessoas, convive com a presença ostensiva de traficantes armados. A maioria desses alunos tem sempre uma história de violência para contar, seja em casa ou na própria escola. É que o colégio fica bem na linha de tiro quando há confrontos entre policiais e bandidos. Das nove salas, cinco têm marcas de balas nas paredes. Numa delas, há 12 perfurações.

— É claro que isso impacta no desempenho. Não só dos alunos, mas dos professores também. Estou aqui pensando como vou repor 11 dias de aulas que os alunos perderam este ano por causa de tiroteios na região. Onze dias em que a escola ficou fechada devido à violência — disse a diretora Carla Musa, mostrando uma bala que atingiu a unidade de ensino e que, agora, fica em uma caixa sobre sua mesa.

‘UMA SENSAÇÃO BOA’

Foram essas circunstâncias que levaram a Secretaria estadual de Educação a implantar um projeto inédito: o colégio é o primeiro do Rio a ter aulas de meditação na grade curricular. A prática ajuda a melhorar o desempenho dos alunos e a amenizar o estresse, a ansiedade e a dificuldade de concentração. A iniciativa vem conquistando cada vez mais os adolescentes. Apesar de a participação não ser obrigatória, já são cerca de 150 inscritos, e outros já buscaram informações sobre a turma.

Ainda tratada pela secretaria como projeto piloto, a aula de meditação, que inclui noções básicas de respiração, têm alterado a rotina escolar, geralmente pesada. No início do ano, pesquisa feita com os alunos mostrou que 39% ficam ansiosos com frequência; 66% se sentem estressados; e 56% apresentam dificuldade de concentração ou a perdem com facilidade.

— Eu estou gostando muito de fazer meditação. Quando termina, fica uma sensação boa. A alma da gente fica mais leve — afirmou Nicolle, de 14 anos.

A diretora da escola conta que, no início, os alunos resistiram muito. O projeto, que começou este ano, chegou a ser interrompido e voltou na semana passada.

— Estou na escola desde 2015. Eu me lembro que conversei com os alunos e notei que houve resistência quando o curso foi anunciado. Agora, eles adoram. Pode perguntar — disse Carla Musa.

Idealizadas pelo Instituto Devir, as aulas são aplicadas pelos profissionais da organização Arte de Viver. O secretário estadual de Educação, Wagner Victer, conta que o modelo poderá ser levado para outras escolas do estado com histórico de violência.

— O projeto faz parte de um conjunto de ações implementadas naquela escola. Estamos felizes porque realmente observamos uma grande aceitação dos estudantes — afirmou o secretário, lembrando que a iniciativa tem financiamento privado.

Na quarta-feira, uma equipe do GLOBO acompanhou uma aula, num ginásio da Vila Olímpica Mané Garrincha. Ao todo, 34 alunos, entre 14 e 18 anos, participaram da aula do professor Francisco Ottoni, que é terapeuta ayurveda. Os estudantes recebem colchonetes e são convidados a tirarem os sapatos. Depois, em silêncio, aprendem técnicas de respiração. A aula dura 40 minutos. Luiza, Camilla e Daniel estavam lá.

Lucas, de 18 anos, que fará a prova no Enem hoje e sonha ser jornalista, contou que mora com a mãe na favela Parque Boa Esperança. Segundo ele, os tiroteios são tão intensos na comunidade que, às vezes, é quase impossível estudar em casa:

— Tem dia que não conseguimos dormir. O tiroteio não permite. Ninguém pode ficar mais na rua. Ano passado, a gente até podia. Agora é impossível. O jeito é voltar para casa, onde a segurança também não é garantida.

No meio do fogo cruzado, Sthefany, de 15 anos, cultiva o sonho de ser psicóloga, mas diz que os estudantes precisam ser atletas para sobreviver:

— Todos nós, moradores de favelas, aprendemos rapidamente como ser o Usain Bolt. Quando começa um tiroteio, precisamos ser rápidos, muitos rápidos, para buscar proteção.

UM COLÉGIO MODELO

A professora de Química Cristiane Morais, de 33 anos, há dois na escola, lembra inúmeras situações de risco que já enfrentou em sala de aula:

— Já teve dia que tivemos que ficar abaixados no chão esperando o tiroteio acabar. E não foi só uma vez. Foram várias.

O Colégio Jornalista Maurício Azêdo é considerado uma unidade de ensino modelo, fruto de uma parceria do governo do estado com as empresas Libra, Multiterminais, Enseada e Petrobras, sediadas no Caju. Os alunos que terminam o ensino médio saem formados em técnicos de logística pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), e quase todos conseguem empregos. As aulas são em tempo integral.

Matéria de O Globo clique aqui

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