
Este ano, o Rio de Janeiro, o maior cartão postal do Brasil, foi marcado pelo aumento da violência. A insegurança afeta a vida de todos os cariocas, especialmente, a dos moradores das comunidades. Para quem é empreendedor e trabalha nestes espaços, o medo veio acompanhado de um enorme prejuízo.
Só este ano, a violência provocou perdas de mais de R$ 650 milhões no turismo da cidade, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Na favela da Rocinha, o medo esvaziou negócios e o pessoal teve que buscar alternativas.
O empresário Paulo Roberto, dono de um hostel no local, é um deles e agora virou motorista de aplicativo. No ano passado, antes das Olimpíadas, quando o Pequenas Empresas e Grandes Negócios fez uma reportagem com ele, o lugar tinha muita freguesia e o empresário estava muito otimista. Mas a situação este ano ficou bem diferente: “Uma tragédia que, na verdade, pós Olimpíada, a gente não esperava que ia acontecer. Todas as pessoas que viriam para o hostel cancelaram. Eu fiquei quase 50 dias sem receber ninguém”.
Além de motorista, Paulo Roberto faz bicos para aumentar a renda. Somando tudo, ele consegue um terço do faturamento que tinha com o hostel: “Trabalho no aplicativo na parte da manhã. Na parte da tarde, me dedico ao curso que tô fazendo, à venda de produtos de perfumaria e me dedico ao hostel também”.
Segundo o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio, o Rio de Janeiro sofre uma “tempestade”: “Juntou a queda do volume de negócios no Rio de Janeiro e a crise política do Estado, ou seja, o Estado não está pagando os servidores. Aliado a isso, tem a questão da violência, que eventualmente também trouxe a percepção de que o turismo nacional não quer vir para o Rio de Janeiro, porque é uma área conflagrada”.
André Martins é outro empresário e morador da Rocinha que também sentiu o impacto nos negócios. Ele montou uma lanchonete logo depois que a comunidade foi pacificada, em 2010. Investiu na empresa, ia abrir franquia, expandir os negócios, mas o prejuízo com a violência foi muito grande. As vendas caíram de 500 sanduíches por dia para menos de 200. Ele teve que se reinventar: “Como tava muito complicado vender dentro da comunidade, a gente trouxe o serviço de delivery para a Zona Sul e o pessoal tá abraçando isso. A gente tá conseguindo recuperar esse problema de vendas”.
Ao mesmo tempo, o empresário divulga direto nas redes sociais e faz promoções no novo cardápio escrito em vários idiomas. O objetivo é trazer de volta o turista para a Rocinha.
Para a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, o cenário é de melhora: “É uma boa perspectiva para a temporada de verão que se aproxima, Réveillon e até o Carnaval. Diante da situação, que estava muito ruim, isso é uma grande perspectiva”, afirma Alexandre.
Matéria de G1 clique aqui