Texto: Amanda Pinheiro e Edu Carvalho
Respeito, solidariedade, luta, igualdade e sensibilidade, essas e outras palavras foram escritas nos muros do Ciep Doutor Bento Rubião por moradores e voluntários na atividade do Dia das Boas Ações na Rocinha, que ocorreu em 21/04, em uma iniciativa do Atados Rio, uma plataforma social que conecta pessoas e organizações, facilitando o engajamento nas mais diversas possibilidades de voluntariado, em parceria com a Rede Nami, que faz arte urbana para promover os direitos das mulheres. A realização é do projeto SprayVida, há três anos atua na favela com objetivo de transformação social através da arte.
A ação aconteceu na Vila Verde, região que nos últimos meses deste ano contabilizou cerca de dez tiroteios, segundo informes do aplicativo Fogo Cruzado. A área esteve em evidência justamente por conta de um tiroteio, no qual uma professora do CIEP Bento Rubião registrou em 26/03 os alunos se protegendo em meio a um tiroteio nas proximidades da escola. O vídeo foi publicado no portal G1 (https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/professora-grava-alunos-se-protegendo-durante-tiroteio-na-rocinha.ghtml).
Realidade sentida por Naara Maritza, que também dá aula no colégio e participou da mobilização para a pintura dos muros. ‘’As palavras que surgiram aqui hoje são palavras do cotidiano, palavras que a gente escuta no diálogo delas’’, relata a professora de história. ‘’É a nossa força de dizer o que nós queremos para a Rocinha’’, complementa.
Para Dila Oliveira, moradora da Rocinha e uma das organizadoras do evento, a atividade veio como um alívio em meio ao período de tensão que a comunidade vivencia há oito meses. ‘’Nós resolvemos fazer uma movimentação das artes para fortalecer a cultura. Mostrar que aqui tem potência, tem talento”, afirma Dila.
E foi um talento nato quem grafitou uma parte do muro com uma homenagem a Marielle Franco, vereadora brutalmente assassinada em março com o motorista Anderson. Malu, de 22 anos, é moradora da Rocinha e faz parte do coletivo AfroGrafiteiras, que reúne mulheres que utilizam da arte política pelo graffiti. ‘’Acho importante levar conhecimento para as crianças sobre o que está acontecendo no Rio. Marielle representa e representou pelo seu ativismo, por ser negra, favelada e periférica. A gente tem arte ao nosso favor para mudar essa perspectiva’’.
Agora lembra das palavras que começaram o texto? Elas foram reunidas e acabaram se tornando uma única, para representar todo o sentimento do coletivo presente na pintura. O resultado desse graffiti você confere abaixo, com a ajuda do menino Luiz, de 11 anos, e sua mãe.
Confira a matéria em vídeo do Dia das Boas Ações na Rocinha: