Rita Lobo, além de chef e apresentadora do programa Cozinha Prática da GNT, também possui um blog e livros sobre receitas. Em entrevista ao jornalista e morador da Rocinha, Edu Carvalho, ela explica o que é ter uma alimentação saudável.
A conversa foi realizada no Instagram do jornalista, no programa #PodEntrar. Rita comentou as dificuldades que um morador de periferia tem para optar por alimentos ricos em nutrientes ao invés de recorrer aos “fast foods”. Para ela, a falta de políticas públicas sobre educação alimentar é um fator que faz o assunto ser tratado, muitas vezes, sem seriedade no país.
Tendo como principal tema a alimentação, a chef Rita respondeu sobre questões vividas pelos moradores de comunidade em relação à alimentação. Edu citou durante o assunto pesquisa realizada pelo Data Favela e pela ILocomotiva, que mostra a inviabilidade dos moradores de favela de se alimentarem durante a pandemia. A pesquisa diz que “nove em cada dez mães moradoras de favelas terá dificuldade para comprar comida após apenas um mês sem renda”. Segundo a chef, o alto preço dos alimentos e a baixa condição financeira das pessoas influencia na hora das compras.
– Falando das pessoas em comunidades, que vão fazer as compras no mercado, um real vai fazer toda a diferença. A oferta das comidas ultra processadas, que promete ser mais barata, é muito sedutora. – conta a apresentadora de TV.
Rita explica, durante o bate papo, o que são esses alimentos ultra processados, chamados por ela de “comida de mentira”. São aqueles que precisam ser modificados em fábrica, como lasanha congelada e nuggets de frango. Essas comidas utilizam muita química e conservantes, para demorarem mais tempo para estragar, o que acaba barateando o preço.
– Aí você faz a conta: margarina custa um preço, e manteiga o dobro ou triplo, é óbvio que ela vai comprar a margarina – argumenta Rita.
Ela também fala que o país saiu de uma condição de desnutrição, em que faltava dinheiro para comprar comida, e chegou em um quadro de obesidade. Era um problema econômico e não nutricional. E isso foi resolvido, até o problema ganhar outro componente: O arroz e feijão, que salvou tantas vidas, passou a ser substituído pelos “fast foods” e comidas prontas.
– Até a década de 80, 90, o grande problema em relação à alimentação era a desnutrição. As pessoas morriam de fome no Brasil. Aí a gente chega nos dias de hoje, em que, pelo menos antes da pandemia, 57% da população está com sobrepeso. – alerta a escritora.
Rita Lobo defende que o brasileiro merece uma educação alimentícia. Para ela, saber cozinhar é um ato “revolucionário”.
– A gente tem no Brasil um problema seríssimo de desigualdade. Eu falo isso pensando nas pessoas que têm acesso ao macarrão instantâneo, mas não têm acesso ao tomate. Elas têm acesso à salsicha, mas não têm acesso à salsinha. Mas acima de tudo o meu lugar é educar o que é alimentação saudável, de maneira prática. Mostrando para as pessoas que elas têm uma ferramenta prática para se alimentar de maneira saudável, que é entrando na cozinha. – pontua Rita.
É possível assistir a entrevista na íntegra, entre Edu Carvalho e Rita Lobo, no instagram do jornalista: @educarvalhol.