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Após perder 10 familiares em tiroteios, boxeador do Complexo do Alemão vira filme premiado internacionalmente

Posted on 8 de dezembro de 20174 de dezembro de 2017 by FavelaDaRocinha
Alan Duarte criou um projeto social para dar aulas de boxe a moradores do Complexo do Alemão (Foto: Divulgação)

Ele criou um projeto social chamado Abraço Campeão, que oferece aulas de boxe e mentoria a 60 alunos (entre crianças e jovens) no Complexo do Alemão. “Peguei três pares de luva, um saco de boxe e comecei a dar aula”.

Sua trajetória chamou a atenção do diretor britânico de filmes publicitários e amigo pessoal, Ben Holman, com quem treina boxe há 12 anos no Rio de Janeiro. Ben transformou a história de Alan em um filme chamado “The Good Fight” (“A Vida é uma Luta”, em português) que rodou festivais em várias partes do mundo e lhe rendeu o prêmio de melhor documentário curto do Tribeca, em Nova York.

Perdeu boa parte da família para a violência

A ligação de Alan com boxe vem de longa data – desde 2005 ele pratica o esporte e até hoje já participou de 54 lutas de boxe – perdeu apenas 12, segundo suas contas.

Mas a ideia de criar um projeto social a partir de sua paixão começou por causa de uma tragédia. Jackson, seu irmão mais velho que ele dizia ver “como um pai”, morreu baleado em 2012. O seu pai biológico tinha outra família e nunca fez parte da vida de Alan, que foi criado pela avó enquanto a mãe passava o dia fora trabalhando como faxineira.

Na época, Alan trabalhava como mototáxi e já treinava na ONG Luta Pela Paz, na Maré. Certo dia, pilotando a moto a caminho de casa, um menino da sua rua lhe deu a notícia: “mataram teu irmão”.

Alan desceu correndo até o local dos disparos e encontrou o irmão baleado na cabeça. “Abracei ele e não acreditei que estava morto. Meu irmão era tudo pra mim”. No dia seguinte à sua morte, chegou um documento confirmando a plena liberdade de Jackson após quatro anos de prisão. Ele tinha três passagens pela polícia por furto, desacato e lesão corporal.

Jackson Duarte foi o nono parente próximo de Alan a morrer em decorrência de trocas de tiros no Complexo do Alemão. Não foi o último, já que, em meio à produção do documentário, um primo de 12 anos, que estava envolvido com uma facção criminosa do Rio, acabou assassinado dentro de casa por traficantes rivais.

“Eu nunca vi um familiar morrer de morte natural, todos foram de arma”. Por alto, Alan calcula ter visto 90 amigos ou conhecidos morrerem em meio à guerra do tráfico, além de 15 baleados que sobreviveram e cerca de nove presos.

Após ver seu irmão morto, Alan diz ter sentido uma vontade muito grande de fazer alguma coisa para evitar o aliciamento de jovens pelo tráfico. “Eu percebi quão importante foi estar dentro da academia, faz 13 anos que estou fora da área de vulnerabilidade, minha rotina é ir pra academia, ir para casa, fazer trabalho fora da comunidade. Falo com todo mundo, mas não fico na rua”, diz.

Em 2014, ele lançou o Abraço Campeão, um projeto social que oferece aulas de boxe gratuitamente a crianças e jovens que moram no Complexo do Alemão. A estrutura foi montada com materiais doados pela Luta Pela Paz, ONG para a qual ainda trabalha.

“Precisamos ter um espaço ideal para botar nossas energias e é uma ótima forma de começar um diálogo. Eu achei uma família no boxe, um espaço para falar”, diz.

Os vizinhos e conhecidos se interessaram pelo projeto e começaram a pressionar Alan por novidades. “Todo mundo ficava me perguntando como ‘tá’ o projeto? Aí pensei: Tem como fazer um vídeo de dois minutos pra galera saber como ‘tá’?”

Alan conta que então pensou em Ben Holman, o “gringo” que fazia os vídeos institucionais da Luta Pela Paz com quem já havia lutado antes e desenvolvido uma amizade.

Ben, um diretor britânico de filmes e lutador de boxe nas horas vagas que se descreve como “melhor film maker que boxeador”, dispôs-se a ajudar Alan e convidou um amigo para ajudá-lo nas filmagens.

‘Não criei filho pra levar tapa na cara’

No que pode ser descrito como uma adaptação da definição de cinema do diretor baiano Glauber Rocha (“uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”), Ben descreve sua produção como “dois homens e uma câmera barata”.

Ben é um diretor premiado de filmes publicitários no Reino Unido, mas não dispunha dos equipamentos e da infraestrutura necessários para a empreitada no meio do Complexo do Alemão. A produção veio de Alan e a própria comunidade local, que se empenhou para garantir o “vídeo institucional” do Abraço Campeão. “Foi tudo na gambiarra”, resume Alan.

Para gravar cenas em movimento – quando a câmera acompanha o personagem -, Alan conseguiu uma cadeira de rodas encontrada em um lixão na Maré e emprestada por um catador que trabalhava no local. “Ele disse ‘me devolve quando tu puder’. E eu falei ‘bora’, amarrei na moto e levei pro Complexo do Alemão”, conta Alan.

Ben também ganhou carona na moto de Alan e até em um teleférico para filmar cenas do complexo. “As pessoas perguntam ‘foi um drone que vocês usaram para fazer isso?’, não, foi o teleférico, com vidros ruins que fazem um efeito bonito de luzes”, conta Ben.

Uma das cenas do documentário, feita a partir da moto de Alan, precisou ser filmada três vezes para ficar perfeita, às custas da coluna de Ben, que segurava a câmera a bordo do veículo e próximo da “churrasqueira”, o aço que fica na parte traseira da moto. “Ai minhas costas”, brinca Alan, imitando as reclamações de bem no set.

De vez em quando tinha tiroteio, lugar que não podia filmar e você vê isso no documentário”, diz Ben. “Sempre tinha alguém para segurar luz, pegar água, passava alguém na rua e a gente falava ‘poxa, empurra essa cadeira aqui, segura aqui a luz'”, diz Alan.

Então veio um dos maiores desafios da empreitada – convencer a mãe do boxeador a dar entrevista também. “A minha mãe é muito dura, dura demais. Não tinha esse negócio de abracinho e beijinho. Muitas vezes o único abraço que eu tinha no dia era dos meus adversários no final da luta”.

“Não criei filho para levar tapa na cara”, diz Elena Maria Duarte no documentário. “Aí ele disse ‘faço o que gosto’. Problema seu”, completa a mãe no filme. Foi mais um obstáculo vencido na base do carisma.

Depois de filmar as cenas ao longo de seis meses, Ben terminou a pós-produção do filme graças a doações e ajuda da agência publicitária Mother, em Londres, que ofereceu locação, mão de obra e uma rede de contatos para garantir a finalização do filme.

Hermeti Balarin, um dos sócios da agência, também é brasileiro e viu potencial no filme. “O improviso é o gênio do documentário, você acha uma cadeira de rodas, um teleférico, até o olho do estrangeiro favorece. Talvez se não fossem estrangeiros não teriam se exposto tanto a tiroteios”, diz.

Em 2017, o filme rodou 10 festivais internacionais e saiu vencedor em cinco deles até agora: dois prêmios de melhor documentário curto no festival Tribeca, em Nova York, e no Festival de Cinema Brasileiro em Los Angeles, melhor documentário estrangeiro no Atlanta Docufest e dois “Prêmios do Público” no SOUQ Film Festival em Milão e no Festival Cityfilm de Nevada.

O próximo passo de Alan agora é manter a organização financeiramente em pé no próximo ano por meio das doações, já que todo trabalho desenvolvido pelos oito tutores da escola é voluntário. Em seguida? Passar o documentário da sua história onde ele foi ao cinema pela primeira vez, na sua cidade, o Rio de Janeiro.

Matéria de BBC Brasil clique aqui

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