FavelaDaRocinha.com
Menu
  • Notícias
  • Ações Sociais
  • Colunistas
    • Leoni
    • Luiz Carlos Toledo
    • Tico Santa Cruz
    • Guilherme Campos
    • Marilia Pastuk
    • Marcos Barros
    • Binho Cultura
    • Fabiana Escobar
    • Fernando Ermiro
    • Hosana Pereira
    • Guilherme Rimas
  • Fala Tu
  • EQUIPE
Menu

A habitabilidade

Posted on 26 de dezembro de 201725 de dezembro de 2017 by FavelaDaRocinha

O Inova Urbis é um negócio social que presta serviços de arquitetura para moradores das favelas da Rocinha, do Vidigal, da Vila Canoas e do Parque da Cidade. Eles já fizeram mais de 300 projetos de reforma para lares nessas comunidades. Cerca de 70% desses projetos estão em obras, viabilizadas pelos próprios moradores. Atualmente, eles fazem uma média de 12 projetos por mês no escritório localizado na Estrada da Gávea. Abriram mais um, em São Paulo, na Favela Paraisópolis.

Os projetos não têm custo para os clientes. Os moradores procuram esse escritório popular de arquitetura e são atendidos como se estivessem em um atelier de arquiteto famoso. Seus sonhos e demandas são ouvidos, uma equipe vai até a residência, faz o levantamento do espaço, e arquitetos e estagiários trabalham a solução que é discutida com o cliente. São feitas novas plantas baixas, maquetes eletrônicas e imagens em realidade virtual, e bate-se o martelo com a família.

Especificações de materiais são elaboradas, orientações técnicas fornecidas, estimativas de custos desenvolvidas e assim o feliz dono de um projeto de arquitetura começa a se organizar para viabilizar obra, buscando empreiteiros e mão de obra, que estão ali na própria favela. Fazem orçamentos e planejamento financeiro para realizar o sonho de morar com mais qualidade. O Inova Urbis avalia que as pessoas conseguem concluir a reforma de um a dois anos após receberem o projeto. O escritório não faz projetos de expansão da casa, apenas de reformas, para evitar adensamentos indesejáveis.

Os projetos de arquitetura são patrocinados por um grande varejista do setor de material de construção e bricolagem, de origem francesa, que desde o fim de 2015 começou a apoiar o projeto.

O Inova Urbis surgiu de uma visão do administrador Alban Drouet durante um período sabático em 2012. Ele colaborava com uma ONG que atuava na Rocinha e observou como algumas casas eram melhores que outras. Percebeu que a necessidade por arquitetura poderia virar demanda. Formulou um plano de negócios e buscou apoio na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da UFRJ, para conhecer melhor as patologias construtivas encontradas nas casas da favela. Infiltrações, umidade, instalações elétricas precárias, acessibilidade, escadas mal dimensionadas, cômodos sem ventilação e ausência de revestimentos fazem parte da paisagem construída da cidade, mas são fatos cotidianos que tiram a saúde dos moradores em problemas respiratórios ou no absurdo índice de tuberculose.

Apesar de haver lei federal desde 2008 que, em seu artigo 1º, “assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social, como parte integrante do direito social à moradia previsto no artigo 6º da Constituição Federal”, não há muito interesse dos governos em realizar a nossa lei magna. A Constituição Federal diz que “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”.

Não há política habitacional no Rio há décadas. A assistência técnica não sai do papel. Os Postos de Orientação Urbanística Social (Pousos) são mais uma ação sem continuidade, esquecidos como as UPPs começam a ser. Viram apenas dados sem rostos. A estatística do IBGE mostra que 22% da população do Rio de Janeiro vivem em “aglomerados subnormais”, nome sociologicamente isento para um território aparelho reprodutor de subcidadania.

As políticas públicas não estão nos lugares onde deveriam estar. Mas, lá na Estrada da Gávea ou na Via Ápia, estão pessoas que insistem em existir, apesar da omissão. Como me disse Alban, “a população criou a Rocinha com seus próprios recursos e esforço, fazendo de 0 a 80%. Queremos ajudá-los a chegar a 100%”. Ana Luiza Brandão é a arquiteta responsável pelo escritório. Na sua equipe de sete estagiários, três são estudantes de arquitetura moradores da própria Rocinha. Ana Luiza me contou como desenvolveram uma linguagem própria de projeto arquitetônico e de desenhos técnicos para lidar com espaços que não têm ângulos retos. Diante da realidade complexa, criatividade e trabalho árduo criam respostas. Há esperança.

Se os governos não implementam a assistência técnica para melhorias habitacionais, a sociedade civil se dá as mãos e não faltam boas iniciativas. A ONG Soluções Urbanas, da arquiteta Mariana Estevão, desenvolve desde 2008 o projeto Arquiteto de Família no Morro Vital Brazil em Niterói. Em São Paulo, o Programa Vivenda já fez mais de 900 reformas em casas na favela Parque Ibirapuera sem nenhum investimento público, simplesmente contando com a capacidade de recursos dos próprio moradores. Singelos e dignos.

Quem está nascendo neste momento nas manjedouras das favelas cariocas? Conseguiríamos perceber, entre becos, valas e casas sem habitabilidade, inovações? O Inova Urbis demonstra que é possível. Estamos vendo os sinais? No chão sujo dos presépios subnormais cariocas, nascem invenções que os palácios não enxergam. Viva o Natal!

Matéria de O Globo clique aqui

FavelaDaRocinha

Site de comunicação comunitária desenvolvido por estudantes de comunicação da própria comunidade da Rocinha.

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você sabia?

Que a partir da década de 50, houve um aumento de migração de nordestinos para o Rio de Janeiro, direcionando-se em parte para a Rocinha.

Procurar no site

Comentários dos leitores

  • Naluh Maués em Meu pequeno grande milagre
  • Cely em Meu pequeno grande milagre
  • Joelma em Meu pequeno grande milagre
  • taillon em Beco nosso de cada dia
  • Maria Ines em Oficinas do Sesc/Senac na Rocinha! Inscrições Gratuitas!

Tags

ajuda arte Biblioteca Borboleta C4 carnaval Cinema comunidade crianças Cultura dinheiro economia educação esporte favela fotografia funk Governo jovens leitura literatura morador moradores morro morte Música oportunidade Parque PM polícia política projeto Rio de Janeiro rocinha saneamento saúde segurança social São Conrado teatro turismo upp vestibular Vidigal violência

Instagram

Follow @@faveladarocinha
Followers: 13343
faveladarocinha.com faveladarocinha.com ·
@FavelaDaRocinha
Nau Rocinha retoma atividades com as primeiras turmas de 2023.
https://t.co/2XFLazxAO5
View on Twitter
0
0
faveladarocinha.com faveladarocinha.com ·
@FavelaDaRocinha
O projeto TMJ Rocinha + Sustentável foi apresentado hoje no Complexo Esportivo da Rocinha mostrando a importância da intervenção e o impacto social e sustentável que a Rocinha receberá com diversas ações. Confira em nosso site: https://t.co/JMK9WJGfdc
View on Twitter
0
1
faveladarocinha.com faveladarocinha.com ·
@FavelaDaRocinha
No início da manhã desta terça-feira (22), sete sirenes de emergência foram acionadas na Rocinha devido à forte chuva. Há relatos de diversos pontos de alagamento na favela.
Em caso de emergência, ligue 199 (Defesa Civil). https://t.co/AbYKz79ctH
View on Twitter
FavelaDaRocinha photo
4
19

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • YouTube
© 2023 FavelaDaRocinha.com | Powered by Minimalist Blog WordPress Theme